Vivemos em uma era que nos pressiona a buscar o novo a todo instante. A inovação virou mantra, e a velocidade, critério quase absoluto de sucesso. Mas entre apelos por reinvenção constante e promessas de soluções mágicas para problemas complexos, sigo acreditando em um princípio simples: tudo que tem valor resiste ao tempo.
Acredito que estamos todos envolvidos em um processo contínuo de construção. Cada gesto, projeto ou relação é uma peça em uma estrutura maior — que não começa conosco e certamente não termina. Ignorar isso é correr o risco de descartar o que ainda sustenta o que somos. Existe sabedoria em reconhecer o que foi construído. Não se trata de nostalgia, mas de respeito pelo processo. O progresso real raramente vem de rupturas abruptas — ele acontece quando avançamos com firmeza sobre bases sólidas.
Essa visão molda minha forma de enxergar as instituições. Para mim, são as âncoras de qualquer sociedade que deseja prosperar. Instituições fortes não vivem para agradar modismos. Elas têm propósito claro, valores consistentes e flexibilidade para evoluir sem perder sua essência. São estruturas que se renovam sem romper com o que as fundamenta.
Vejo isso com clareza na atuação da APETI (Associação de Profissionais e Empresas de Tecnologia da Informação), em São José do Rio Preto. A APETI atravessou ciclos econômicos, mudanças geracionais e profundas transformações tecnológicas, sem jamais se desviar de sua missão: conectar pessoas e empresas, fortalecer o ecossistema de inovação e contribuir para o desenvolvimento regional. Seu valor está menos no brilho e mais na constância. E isso, para mim, é mais relevante do que qualquer tendência passageira.
Sou, declaradamente, cético quanto a soluções mirabolantes. Não acredito que todo desafio exija ruptura. Acredito em escuta, em amadurecimento, em tentativa e erro. Em ajustes cuidadosos. A pressa, muitas vezes, compromete mais do que resolve. E o “novo pelo novo”, quando desconectado da realidade e da história, é só aparência.
No trabalho e na vida pessoal, aprendi que os vínculos mais sólidos não surgem de maneira explosiva. São formados com convivência, respeito e presença contínua. Um cliente que retorna, um parceiro que permanece, um amigo que acompanha — todos são sinal de que algo essencial foi bem construído. E não se chega a isso por atalhos.
Confiança é o cimento invisível de qualquer relação duradoura. Não se impõe, nem se compra. É conquistada por meio da coerência entre palavra e ação. Quando presente, tudo flui melhor. Quando ausente, até as coisas simples se complicam.
Adotar uma postura institucionalista é, para mim, apostar em algo maior do que resultados imediatos. É investir na continuidade e na colaboração entre pessoas ao longo do tempo. É acreditar que as verdadeiras transformações sociais nascem de relações fortes, de valores partilhados e do compromisso em seguir construindo, mesmo quando o caminho se torna difícil.
A sociedade que desejamos — mais justa, inteligente e próspera — não virá de um aplicativo ou de uma ideia genial. Ela será fruto da persistência de pessoas que constroem com propósito e resistem à tentação de recomeçar tudo sempre que algo exige esforço.
Deixo, então, uma provocação: em um mundo obcecado por velocidade, que legado estamos deixando? O que de fato estamos edificando? Se o que fazemos hoje não dialoga com o que foi construído ontem, e não sustenta o que virá, talvez estejamos apenas passando — e não permanecendo.
Construir algo que dure exige tempo, cuidado e convicção. E o que se constrói assim tem força para transformar não apenas uma geração — mas muitas que ainda virão.
Por João Paulo Rodrigues
Vice-presidente da Apeti.

